Recentemente, numa pesquisa sobre inadimplência aplicada no site Reclame AQUI no dia 26 de setembro, 11,1% dos consumidores responderam estar inadimplentes – ou seja – que estão deixando de pagar algumas contas. E destes, 81,4% já estão na lista de restrição ao crédito – o que gera a dificuldade de conseguir crédito.
O resultado mostra que muitos brasileiros vivem um momento de pesar na balança a redução do poder de compra, ou seja, estarem gastando mais para viver, e de outro lado encara uma alta taxa de juros e inflação.
E fomos mais a fundo para tentar desvendar o que está por trás das pendências financeiras desses brasileiros em 2022. Seria o resultado de consumo um tanto desenfreado, uma falta de planejamento do orçamento familiar ou até mesmo um corte inesperado no trabalho?
Pode ser um pouco de cada um. Quando questionados sobre o motivo de não conseguirem arcar com as suas “dívidas”, mais de 40% afirmaram que o valor que recebem mensalmente não é suficiente para pagar todas as contas em dia.
Para aqueles que perderam o emprego ou ainda falta um melhor planejamento financeiro, o placar ficou empatado: 22,5% para cada uma das afirmações.

Queda de renda e aumento da inflação influenciam cenário atual
O CEO e Cofundador do Reclame AQUI, Edu Neves, observa que há um baixo nível de inadimplência entre os consumidores que responderam a pesquisa. Porém, quem não consegue pagar as contas é esse perfil que já tem um grau de compromisso de renda muito alto.
“O que se vê em comum na situação de inadimplência no cenário atual com a queda da renda e aumento de inflação e taxa de juros é um grupo de brasileiros se questionando onde vai colocar o dinheiro. Por exemplo, quando questionados sobre quais contas estão mais deixando de pagar, são aquelas com o juro mais incide e “come o consumidor pelas pernas”, como se costuma dizer: cartões de crédito e instituições financeiras. O que é alarmante, são os dois mecanismos mais caros. Sabe quando falamos de cobertor curto? É o risco de não conseguir vencer a dívida”, ressalta Edu.
Neves acrescenta que a perda do poder de compra está fazendo com essas pessoas tenham que optar em pagar ou não algo para conseguir sobreviver; e dentro dos atrasos e não pagamento gerados vai conseguindo escolher um melhor caminho que é a renegociação.
Consumidores entre 30 e 49 anos estão entre os mais inadimplentes
Uma pergunta pra você que está lendo esse conteúdo: qual seria a primeira conta que você deixaria de pagar se faltasse dinheiro no mês? O cartão de crédito foi o primeiro corte que os nossos usuários afirmaram tirar da sua lista de pagamentos quando o mês acaba sendo mais comprido do que o próprio bolso, correspondendo a 29% das respostas.
A pesquisa traz outro ponto observado pelo CEO do Reclame AQUI: a faixa etária desse inadimplente. O recorte mostra que mais da metade está entre 30 e 49 anos, “ é onde normalmente se localizam a maior parte das famílias brasileiras com despesas como casa, escola, filhos, compra carro, que adquirem imóveis… um cenário mais propício a contrair dívidas de maior valor. Então quanto maior a renda, maior o comprometimento dela”, observa Neves.
Devo, não nego, pago quando surgir uma oportunidade
Neves aponta outro dado preocupante: no grupo de inadimplentes, a maioria já está com o nome negativado – entre os nossos pesquisados que estão deixando de pagar suas contas, 81,4% já estão na lista de restrição ao crédito – o que gera a dificuldade de conseguir crédito.
Mais de 70% devem, pelo menos, R$ 1.000,00; sendo que mais de 30% devem mais de R$ 4.000,00 – uma parcela da população que está com dificuldades de honrar as contas e mostra o quanto a capacidade de compra caiu.
No entanto, engana-se quem acha que isso tem abalado os nossos usuários. Há uma luz no fim do túnel e um feixe de otimismo existe diante deste cenário: 86,3% dos consumidores inadimplentes estão se organizando para sair dessa situação.
Para Neves, os quase 44% que pretendem renegociar estão no caminho de “não buscar um empréstimo a qualquer custo”, buscando regularizar o seu nome o mais rápido possível e os outros 12% tentando recompor a renda, o que mostra maturidade do consumidor diante da crise.
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