Reclame AQUI registra aumento de reclamações sobre COEs: entenda o que fez os investidores perderem dinheiro

Reclame AQUI registra aumento de reclamações sobre COEs: entenda o que fez os investidores perderem dinheiro

Reclame AQUI registra aumento de reclamações sobre COEs: entenda o que fez os investidores perderem dinheiro

Reclamações sobre COEs disparam no Reclame AQUI. Investidores de XP, Rico, EQI Investimentos e BTG relatam perdas. Entenda os riscos reais do produto

A promessa de unir a segurança da renda fixa com o potencial da renda variável fez a popularidade dos COEs (Certificados de Operações Estruturadas) disparar no mundo dos investimentos. 

No entanto, o que era pra ser uma aplicação de baixo risco acabou pegando muitos investidores de surpresa. Em outubro, o Reclame AQUI registrou 145 reclamações em apenas 12 dias (do dia 01/10 a 12/10) sobre os COEs. O aumento repentino das reclamações coincidiu com a desvalorização de COES ligados a empresas Ambipar e Braskem.

Nas reclamações publicadas no Reclame AQUI, os investidores alegam que os assessores de investimento não foram claros sobre os riscos do produto.

Confira alguns dos relatos no Reclame AQUI:

Uberlândia – MG

Investi em COEs atrelados à Ambipar e Braskem por recomendação da XP e do meu assessor, e também pela forma como esses produtos eram apresentados no app da XP, com destaque para a parte de pré-fixada, o que passava a impressão de segurança e estabilidade, algo muito distante da realidade.

Agora, enfrento perdas de cerca de 65% no COE Braskem e 84% no COE Ambipar, o que demonstra que eram produtos de altíssimo risco, completamente inadequados para investidores que buscam segurança.

A comunicação da XP, tanto pelo app quanto pelos assessores, foi superficial e ilusória, reforçando apenas o potencial de retorno e omitindo os riscos de perda quase total do investimento.
É inaceitável que uma plataforma desse porte apresente produtos complexos e de alto risco de forma tão simplificada e enganosa, levando clientes a acreditar que se tratam de investimentos conservadores.

A confiança na XP foi justamente pela promessa de transparência e assessoria qualificada e é decepcionante perceber que a prioridade parece ter sido vender, não orientar.

São Bernardo do Campo – SP

Eu tinha pouco mais de R$ 1.000 investidos em COE da Ambipar, por recomendação de um corretor do BTG (que não me alertou sobre os riscos).
O investimento foi liquidado a valor zero.
Nenhum corretor veio falar comigo.

E aí? Cadê meu dinheiro? Por que não fui alertado dos riscos?

Belo Horizonte – MG

Conheci a EQI através de um antigo assessor da XP que deixou a empresa e eu o acompanhei.Logo após isso,esse funcionário foi promovido e fui direcionado a outro assessor.Tive problemas com esse por dificuldade de receber respostas.Pedi a mudança e hoje estou com outro que me sugeriu um COE da Ambipar.Sempre fui muito claro que meu perfil era COMPLETAMENTE conservador,visto que era o capital de uma vida toda.Pois é, voltando ao COE oferecido por ele,e dito que era renda fixa,seguro e que poderia mexer no dinheiro quando quisesse,tudo mentira.O dinheiro fica preso anos, não tem liquidez,e o pior de tudo.NUNCA me disseram que eu poderia ZERAR meu capital o que aconteceu.Perdi.Quase 40 mil reais.Portanto, não recomendo essa empresa.Sei de minha falha em confiar neles,mas afinal,contratamos para administrar melhor do que nós que desconheçemos o mercado.[Editado pelo Reclame Aqui].

***** foi minha assessora em 2023 e deslocou 63 mil reais, tirando o valor de tesouro direto e renda fixa para COE BRASKEN, SEM me avisar do risco de liquidaçao antecipada. Ela me orientou a mudar meu perfil na rico, de conservador para arrojado, me orientando nas respostas, para poder fazer movientaçao para esse COE sem me dar explicaçoes sobre os grandes ricos que eu corria. Sou investidora conservadora, que acreditei na assessora me mostrando “oportunidade” que apesar de vencimento longo, seria seguro.
Assessora da RICO /XP me enganou. Claro, deveria ter lido as letras miúdas, mas confiei na orientação especializada. Registro para NINGUÉM confiar na assessoria da RICO.
Dispenso respostas padrões da empresa. Melhorem sua assessoria. Eu estou SAINDO da empresa e NÃO RECOMENDO A NINGUÉM. FUJAM.

A XP Investimentos lidera as reclamações concentrando 78,43% dos casos registrados. Em seguida, estão as empresas Rico Investimentos (12,42%), BTG Pactual Investimentos (2,61%) e EQI Investimentos (1,96%). Entre os principais problemas relatados estão propaganda enganosa, qualidade do serviço e mau atendimento do prestador de serviço.

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O que são os COEs?

Os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) são investimentos completos que combinam diferentes tipos de ativos financeiros em uma só aplicação. Eles funcionam como um “pacote” que mistura renda fixa e renda variável, com a rentabilidade e o risco definidos na hora da contratação.

Quem monta essa estrutura complexa são os bancos, chamados de emissores. Eles são responsáveis por definir a combinação de ativos e os mecanismos de proteção e alavancagem. Mas quem comercializa o produto são as corretoras e plataformas de investimento. 

Por que tantos investidores estão reclamando?

O aumento das reclamações no Reclame AQUI começou depois que os COES ligados às empresas Ambipar e Braskem registraram desvalorizações. Os COEs desses casos eram do tipo crédito, ou seja, o retorno estava atrelado aos títulos de dívidas emitidos pelas próprias empresas. Isso significa que o pagamento ao investidor depende da capacidade financeira da empresa emissora. 

Neste caso, a lógica do risco funciona assim: se o emissor (a empresa) vai bem, você pode ter um retorno acima do mercado. Se o emissor enfrenta dificuldades financeiras ou sinaliza uma recuperação judicial, o título de dívida despenca no mercado. Como o COE é um espelho desse título, o investidor perde junto.

No caso da Ambipar, o problema começou quando a empresa pediu uma tutela judicial de urgência, medida que acendeu o alerta para um possível pedido de recuperação judicial. Já na Braskem, a preocupação veio depois da empresa adquirir um empréstimo de cerca de US$1 bilhão e ter sua nota de crédito rebaixada por agências de risco. O impacto foi direto: os COES que tinham títulos da empresa como referência também despencaram. 

Quais são os riscos dos COEs?

Os investidores que perderam dinheiro alegam ter sido pegos de surpresa, mas o problema está nas cláusulas de risco que nem sempre são claras pra quem não conhece tão bem o mercado financeiro. O COE possui dois pontos contratuais que exigem atenção: 👉

– Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

Os COEs não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O que isso significa na prática?

O FGC é a entidade que garante a devolução do seu dinheiro (até um limite) caso a instituição financeira onde você aplicou quebre. A ausência dessa garantia no COE é o que eleva drasticamente o risco de crédito do produto.

Se a empresa que emitiu o título base do seu COE  enfrentar uma crise grave, como aconteceu com Ambipar e Braskem, ou até mesmo se ela for à falência, não existe um mecanismo externo para recuperar o dinheiro que você investiu. O prejuízo, neste caso, é integralmente do investidor.

– Liquidação antecipada do investimento

Além disso, os COEs têm mecanismos que podem fazer a aplicação ser encerrada antes do prazo previsto, também chamados de gatilhos. Esses gatilhos são acionados automaticamente se os títulos usados como base perderem valor dramaticamente ou a empresa emissora  enfrentar dificuldades financeiras .

Quando o gatilho é disparado, o banco emissor não devolve o valor nominal que você investiu. Foi exatamente isso que aconteceu: no caso Ambipar, as perdas superaram 93%, e os investidores foram comunicados que receberam menos de 6,88% do valor investido.

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📌 Como fazer investimentos seguros? Confira as dicas do Reclame AQUI

Consumidor, para evitar perdas financeiras em qualquer tipo de investimento, a dica principal é não se arriscar sem antes entender o produto.

Buscar orientação confiável e avaliar cada aplicação é a melhor forma de proteger seu dinheiro e tomar decisões seguras no mercado financeiro. Confira algumas dicas do Reclame AQUI:

– Leia atentamente todos os documentos

Cada investimento tem um conjunto de documentos que explicam como ele funciona, quais são os riscos e em quais situações o investidor pode perder dinheiro. Esses papéis trazem cláusulas importantes sobre rentabilidade, prazos e condições de resgate. Mesmo que a leitura pareça técnica, é fundamental dedicar um tempo para entender o conteúdo antes de aplicar qualquer valor.

– Esclareça todas as dúvidas antes de aplicar

Se algo não estiver claro, pergunte. Peça para o assessor ou a corretora explicar de forma simples, com exemplos práticos, o que pode acontecer em diferentes cenários,  inclusive nos de perda. O investidor tem o direito de receber informações transparentes e acessíveis, e as instituições têm o dever de garantir que o cliente compreenda o produto antes de fechar a aplicação.

Pergunte sobre os riscos e condições do investimento

Nenhum investimento é livre de risco. Pergunte se o produto tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), se há possibilidade de liquidação antecipada e o que acontece caso a empresa emissora enfrente dificuldades. Saber se o retorno depende da performance de uma empresa ou de um índice do mercado é essencial para decidir se o produto faz sentido para o seu perfil.

– Desconfie de promessas de retorno garantido

Ganhos acima da média com segurança total não existem. Sempre que alguém prometer rentabilidade garantida, desconfie. Produtos financeiros legítimos trazem projeções, não certezas. A melhor forma de proteger o seu dinheiro é entender que o investimento deve estar alinhado com seus objetivos e tolerância ao risco, não com promessas de lucro fácil.

– Use o Reclame Aqui para buscar informações

Antes de investir, vale pesquisar o nome da corretora ou do banco no Reclame AQUI para ver o histórico de atendimento e a reputação da empresa. E se você se sentir enganado, mal orientado ou tiver dificuldade em resolver um problema, registre sua reclamação. 

Fontes: G1/ Valor Investe/ E-investidor

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